Sexta-feira 18 abril •Sexta-feira Santa
Presença
Cada momento está vivo com a presença gloriosa de Deus. À medida que me entrego cada vez mais à comunhão íntima com Aquele que me criou, descubro que simplesmente não tenho tempo para me preocupar.
Liberdade
Peço a graça
deixar de lado as minhas próprias preocupações
e estar aberto ao que Deus me está me pedindo,
deixar-me guiar e formar pelo meu amoroso Criador.
Consciência
Estou rodeado pela tua presença amorosa, Senhor,
Mas tenho consciência da minha fragilidade e fraqueza.
Obrigado por poder enfrentar os meus defeitos
No teu abraço misericordioso.
A Palavra de Deus
João 19,17-42 Ave Maria
E eles prenderam Jesus e, levando a cruz consigo, saiu para o chamado Lugar da Caveira, que em hebraico se chama Gólgota. Ali o crucificaram e com ele outros dois, um de cada lado, com Jesus entre eles. Pilatos mandou também escrever uma inscrição e colocá-la na cruz. Dizia: “Jesus de Nazaré, o rei dos judeus”. Muitos dos judeus leram esta inscrição, porque o lugar onde Jesus foi crucificado era perto da cidade, e estava escrita em hebraico, em latim e em grego. Então os chefes dos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: “Não escrevas: ‘O Rei dos Judeus’, mas sim: ‘Este homem disse: Eu sou o Rei dos Judeus’. “Pilatos respondeu: “O que escrevi, escrevi”. Depois de crucificarem Jesus, os soldados pegaram nas suas roupas e as dividiram em quatro partes, uma para cada soldado. Pegaram também na túnica de Jesus, que era sem costura, tecida numa só peça desde a parte de cima. Então disseram uns aos outros: “Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver quem fica com ela”. Isto foi para cumprir o que diz a Escritura:
“Repartiram entre si as minhas vestes,
e lançaram sortes sobre as minhas vestes.”
E foi isso que os soldados fizeram.Entretanto, junto da cruz de Jesus estavam a sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena.
Quando Jesus viu a sua mãe e o discípulo que ele amava, que estava junto dela, disse à sua mãe: “Mulher, eis o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Eis a tua mãe”. E desde aquela hora o discípulo a levou para sua casa.
Depois disto, sabendo Jesus que tudo estava consumado, disse (para que se cumprisse a Escritura): “Tenho sede”. E estava ali um jarro cheio de vinho azedo. Puseram uma esponja cheia de vinho num ramo de hissopo e levaram-na à boca de Jesus. Depois de ter recebido o vinho, Jesus disse: “Está consumado”. Depois, inclinou a cabeça e entregou o espírito.
Como era o dia da Preparação, os judeus não queriam que os corpos fossem deixados na cruz durante o sábado, sobretudo porque esse sábado era um dia de grande solenidade. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Então os soldados vieram e quebraram as pernas do primeiro e do outro que tinham sido crucificados com ele. Quando chegaram junto de Jesus e viram que ele já estava morto, não lhe partiram as pernas. Em vez disso, um dos soldados trespassou seu lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água. (Aquele que viu isto deu testemunho para que tu também acredites. O seu testemunho é verdadeiro, e ele sabe que diz a verdade, para que também tu continues a crer). Estas coisas aconteceram para que se cumprisse a escritura: “Nenhum dos seus ossos será quebrado”. E ainda outra passagem da Escritura diz: “Olharão para aquele que trespassaram.”
Depois destas coisas, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, embora em segredo por causa do medo que tinha dos judeus, pediu a Pilatos que o deixasse levar o corpo de Jesus. Pilatos deu-lhe autorização, e ele veio e levou o corpo de Jesus. Nicodemos, que tinha ido ter com Jesus de noite, também veio, trazendo uma mistura de mirra e aloés, que pesava cerca de cem quilos. Tomaram o corpo de Jesus e o envolvera com as especiarias em panos de linho, segundo o costume dos judeus. Ora, no lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim, e nesse jardim havia um túmulo novo, onde nunca ninguém tinha sido posto. Por isso, como era o dia da Preparação dos judeus e o túmulo ficava perto, puseram Jesus ali.
Inspiração
A história evangélica da vida, morte e ressurreição de Jesus é verdadeiramente a história de uma vida entregue pelos outros. Na Última Ceia, Ele disse: "Isto é o meu corpo entregue por vós, e "Este é o cálice do meu sangue derramado por vós". Tomemos agora qualquer parte da Paixão e peçamos uma profunda compaixão por Jesus no seu sofrimento e que o acompanhemos nele.
O Padre Pedro Arrupe SJ, antigo Padre Geral da Companhia de Jesus, escreveu que não podemos ser amigos de Jesus. Temos de estar dispostos a entrar com Ele na nuvem do Calvário e a vigiar e rezar com ele.
Conversa
Quais graças Deus quer conceder-me neste tempo de oração? Se eu escutar no fundo do meu coração, no silêncio do meu coração, o que é que o Senhor me está dizendo?
Conclusão
Agradeço a Deus pela Sua dádiva de amor
Enquanto avanço com alegria e esperança
Para servir o Seu povo.
Amém
Obrigado por rezarem hoje com o Lugar Sagrado.
Guia de presença
O quê é isso?
Tornar-se presente, ligando-se à respiração, ao corpo, aos sons e ao que quer que esteja acontecendo no momento presente, a fim de se centrar neste momento de oração.
Prática:
Consciência da presença de Deus
Se alguém lhe pedisse para lhe dar outra palavra para “Deus”, poderia usar a palavra “Presença”, pois é isso que Deus é. Quando Moisés perguntou a Javé o seu nome, Javé respondeu: “Eu sou o que sou”, o que significa “Eu estou presente”. Deus está realmente a dizer: “Eu estarei lá para ti”. Deus está intimamente presente em tudo, e especialmente em nós. O nome de Jesus é Emanuel, que significa “Deus está connosco”. O Evangelho de Mateus termina com esta afirmação maravilhosa: Sabei que estarei sempre convosco, até ao fim dos tempos.
(de Finding God in All Things, de Brian Grogan SJ) “Encontrando Deus em Todas as Coisas”
Exercício corporal
Sente-se na sua cadeira, direito mas confortável, com as costas apoiadas. Deixe o seu corpo relaxar (sem se desleixar), com os pés no chão à sua frente e as mãos apoiadas nas coxas ou juntas no colo.
Feche os olhos ou fixe-os num ponto à sua frente. Agora deixe toda a sua atenção concentrar-se no que sente no seu corpo. Pode começar pelos pés e ir subindo, deixando que a sua atenção se concentre, talvez apenas durante alguns segundos, em qualquer parte do corpo que consiga sentir, mudando a atenção de uma parte do corpo para outra, embora quanto mais tempo conseguir manter a atenção numa parte, melhor. A sua atenção está no que está sentindo e não nos pensamentos sobre o que está sentindo Se se sentir desconfortável, tiver comichão ou quiser mudar de posição, reconheça o desconforto, assegure-se de que está tudo bem e, sem se mexer, continue a concentrar a sua atenção no que sente no corpo.
A mente raramente nos deixa muito tempo em paz para fazer isto, e então começa a exigir atenção com comentários e perguntas: Isto é um desperdício de tempo valioso. O que é que isto tem a ver com a oração? Qual é o objetivo? Lide com as perguntas e os comentários da mesma forma que lidou com a comichão; reconheça-os sem os julgar e depois volte a sentir o corpo.
Pode, se quiser, passar a uma oração mais explícita, repetindo para si mesmo a frase de São Paulo: “Nele vivo, me movo e existo.
(adaptado de God of Surprises de Gerry W Hughes SJ) “Deus de Surpresas”
Exercício de respiração
Este exercício consiste em concentrar toda a sua atenção nas sensações físicas da inspiração e da expiração, sem alterar deliberadamente o ritmo da respiração.
Concentre a sua atenção em sentir o ar frio a entrar nas narinas e o ar quente ao expirar. No início, a respiração pode tornar-se irregular, mas, regra geral, esta situação não se mantém. Se isso acontecer e se sentir falta de ar, então este exercício não é para você.
A maior parte das pessoas se apercebe de que, ao fazer este exercício, o padrão da sua respiração muda, a respiração torna-se mais profunda e lenta, e começam a sentir-se sonolentas. Em si mesmo, é um ótimo exercício de relaxamento, mas se quiser utilizá-lo para uma oração mais explícita, então deixe que a inspiração exprima tudo o que deseja na vida, por mais impossível que possa parecer na prática, e deixe que a expiração exprima a sua entrega de tudo a Deus, toda a sua vida com as suas preocupações, pecados, culpas e arrependimentos.
É importante fazê-lo sem se julgar a si próprio, seja por aprovação ou desaprovação. Mantenha a sua atenção fixa no seu desejo de entregar todas essas preocupações sobre si próprio e não se agarre a elas como se fossem um bem precioso.
(adaptado de God of Surprises de Gerry W Hughes SJ) “Deus de Surpresas”
Exercício de Escuta
Sente-se na sua cadeira, direito mas confortável, com as costas apoiadas.
Agora repara apenas nos sons que consegue ouvir, sons distantes. Basta ouvi-los, nem sequer tentar nomeá-los….
Repare nos sons mais fracos e depois nos sons mais próximos. Basta ouvir, tomar consciência deles….
E o som da tua própria respiração e do teu próprio batimento cardíaco, fraco, mas o teu próprio ritmo de vida….
E o som do silêncio no teu lugar de oração, o silêncio dentro de Ti….
Ouça desse durante alguns minutos.
(adaptado de Praying in Lent, de Donal Neary SJ) “Rezando durante a Quaresma”
Guia da Liberdade
O quê é isso?
É sobre reconhecer o dom do livre-arbítrio que Deus nos dá e de lhe oferecer, para que possamos alinhar a nossa vontade com a vontade de Deus para nós e para estarmos abertos à Sua vontade durante a nossa oração.
Prática:
Rezar por liberdade
Esta oração ajuda-nos a nos colocar à disposição de Deus. Santo Inácio descreve esta “Oração Preparatória” como pedindo “a graça de que todas as minhas intenções, ações e operações sejam dirigidas puramente para o louvor e serviço da Divina Majestade”( Exercícios Espirituais, nº 46):
Senhor, desejo me preparar bem para este momento.
Quero muito estar pronto, atento e disponível para Ti.
Por favor, clarificai e a purificai as minhas intenções.
Tenho tantos desejos contraditórios.
Preocupo-me com coisas que não têm importância nem perduram.
Eu sei que se eu Te der o meu coração,
tudo o que eu fizer seguirá o meu novo coração.
Em tudo o que sou hoje, em tudo o que tento que fazer,
todos os meus encontros, reflexões – mesmo as frustrações e os fracassos
e sobretudo neste tempo de oração,
em tudo isto, que eu ponha a minha vida nas Tuas mãos.
Senhor, sou Teu. Fazei de mim o que quiserdes. Ámen.
Guia da Consciência
O quê é isso?
É semelhante à oração do Exame, que faz parte da tradição inaciana, e envolve olhar para trás nas últimas 24 horas, para ver onde Deus tem trabalhado na sua vida. Podemos olhar para os momentos de “consolação”, em que sentimos o amor, a graça e a misericórdia de Deus, e também para os momentos de “desolação”, em que não sentimos a presença de Deus, ou em que nos afastamos de Deus e do amor de alguma forma, e ficamos aquém das expectativas. Damos graças a Deus pelo que foi bom e pedimos-lhe misericórdia e perdão pelo que foi difícil ou pelo que falhamos.
Prática:
Introdução à Revisão da Consciência
Se é verdade que Deus atua em todos os pormenores da nossa vida, como começar a reconhecer a sua ação e a nossa reação?
No final do dia, especialmente antes de dormir, a mente, sem qualquer esforço consciente da nossa parte, tende a reproduzir alguns dos acontecimentos do dia de forma tão viva que, se o dia tiver sido particularmente agitado, podemos ter dificuldade em adormecer. Podemos dar por nós reencenando uma discussão, pensando nas coisas inteligentes e cortantes que poderíamos ter dito se tivéssemos sido mais rápidos, etc.
A Revisão da Consciência baseia-se nesta tendência natural da mente. Pode nos ser útil para ficaros mais conscientes da presença e da ação de Deus na nossa vida quotidiana e a sermos mais sensíveis aos aspectos em que estamos coperando com a graça de Deus e aqueles nos quais a recusamos.
Como fazer um Exame de Consciência
Deixe a sua mente vaguear pelas últimas 24 horas, abstendo-se de qualquer auto-julgamento, quer seja de aprovação ou desaprovação, prestando atenção e saboreando apenas os momentos do dia pelos quais está grato. Mesmo o dia mais difícil inclui alguns momentos bons, se nos dermos ao trabalho de olhar – pode ser a visão de uma gota de chuva a cair, ou o fato de eu conseguir ver. Quando as pessoas tentam fazer este exercício, ficam geralmente surpreendidas com o número e a variedade de bons momentos do dia que, de outra forma, teriam sido rapidamente esquecidos – obscurecidos, talvez, por qualquer experiência dolorosa do dia. Depois de ter recordado os acontecimentos pelos quais está grato, agradeça e louve a Deus por eles.
Depois da ação de graças, o passo seguinte é recordar os seus estados de espírito e sentimentos interiores, anotando, se possível, o que os originou, mas abstendo-se, mais uma vez, de qualquer auto-julgamento. Esteja com Cristo ao olhar para estes estados de espírito e peça-lhe que lhe mostre as atitudes que lhes estão subjacentes. O importante não é analisar a nossa experiência, mas contemplá-la na presença de Cristo e deixar que Ele nos mostre onde é que o deixamos estar em nós e onde é que recusamos deixá-lo estar. Agradecemos-lhe pelas vezes que “deixamos passar a sua glória” e pedimos-lhe perdão pelas vezes que lhe recusamos a entrada. Ele nunca recusa o perdão. Ele conhece a nossa fraqueza muito melhor do que nós. Tudo o que temos de fazer é mostrar a Ele e Ele pode transformar a nossa fraqueza em força. Podemos concluir com uma breve oração, que também olha para o dia seguinte e pede a ajuda de Deus.
Oração de revisão da consciência
Senhor, Tu me conheces melhor do que eu próprio. O Vosso Espírito penetra em cada momento da minha vida. Obrigado pela graça e pelo amor que derramas sobre mim. Obrigado pelo teu convite constante e gentil para te deixar entrar na minha vida. Perdoa-me pelas vezes que recusei esse convite e me fechei para Ti. Ajuda-me, nesse novo dia que virá, a reconhecer a tua presença na minha vida, a me abrir a ti, a te deixar trabalhar em mim, para tua maior glória. Ámen.
Guia de Escritura
O quê é isso?
É aqui que lemos uma passagem das Escrituras, lenta e atentamente, e vemos o que nos impressiona ou chama a nossa atenção. Como é que Deus nos fala através da Sua Palavra? Seguem-se algumas reflexões e exercícios sobre a forma de o fazer.
Prática:
Escutar a Palavra
Leia a passagem, lentamente, várias vezes e veja se alguma palavra ou frase se destaca para você, e fique com essa frase o tempo que quiser antes de voltar a sua atenção para qualquer outra.
O processo é um pouco como chupar uma bala cozida (para os leitores americanos, bala dura). Não tente analisar a frase, tal como normalmente não partiria uma bala cozida e a submeteria a uma análise química antes de a provar.
Muitas vezes, uma frase capta a atenção das necessidades do nosso subconsciente muito antes de a nossa mente consciente tome consciência do motivo da atração. É por isso que é bom ficar com a frase o máximo de tempo possível sem tentar analisá-la.
Posso encontrar todo o tipo de distrações na minha mente, mas alguns pensamentos, longe de serem distrações, podem se tornar a substância da minha oração. É como se a frase da Escritura fosse um holofote que ilumina o meu fluxo de consciência, pensamentos, memórias, reflexões, devaneios, esperanças, ambições, medos, e eu rezo a partir da mistura da Palavra de Deus e dos meus pensamentos e sentimentos interiores.
A Escritura como um holofote
O versículo inicial da Bíblia, “A terra era um vazio sem forma, havia trevas sobre as profundezas e o espírito de Deus pairava sobre as águas”, descreve um estado de coisas presente, não um acontecimento passado, e quando rezo com base nas Escrituras estou deixando o Espírito de Deus pairar sobre o caos e as trevas do meu ser.
Quando deixo a Palavra de Deus pairar sobre as minhas preocupações, então tudo pode acontecer, porque Ele é o Deus das surpresas. É importante que eu não esconda o meu caos interior da Palavra de Deus ou de mim próprio. Muitas vezes, estamos tão treinados que achamos errado permitir que quaisquer sentimentos negativos entrem na nossa oração, especialmente sentimentos negativos sobre Deus. Temos de aprender a sair deste treino, expressando os nossos sentimentos e pensamentos livremente perante Deus e confiando que Ele é suficientemente grande para aguentar as nossas birras. Não vale a pena fingir perante Deus, que nos conhece melhor do que nós próprios.
Não há pensamento, sentimento ou desejo dentro de você que não possa tornar-se a substância da sua oração à luz da Palavra de Deus, quando você sabe que Deus ama o caos que você é e que o seu Espírito, agindo em você, pode fazer infinitamente mais do que possapensar ou imaginar.
Lidar com as distrações
Ao tentar rezar assim, pode acontecer que a mente comece a encher-se de perguntas e de aparentes distrações. Como é que eu sei que não me estou enganando a mim próprio? Como é que sei que estas palavras são verdadeiras, que Deus se comunica realmente através delas? Será que tenho realmente fé em Deus? Estas perguntas são válidas, mas por agora vamos deixá-las à espera. Quando uma criança se assusta durante a noite, a mãe pega nela ao colo e diz: “Está tudo bem”, e a criança acalma-se gradualmente. Mas se ela tiver um prodígio nas mãos que responda: “Mas mãe, que pressupostos epistemológicos e metafísicos está a fazer nessa afirmação e que provas empíricas pode apresentar para apoiar a sua afirmação? Na oração, somos como essa criança impossível, se nos recusarmos a ouvir Deus enquanto Ele não estiver à altura dos critérios que quisermos estabelecer. Comunicamos com Ele primeiro com o nosso coração. O coração não é insensato: tem razões, mais profundas do que podemos ver à primeira vista com a nossa mente consciente.
Deixando as perguntas de lado por agora, o que é que eu faço com todas as outras distrações que inundam a minha mente? Posso começar a me perguntar se deixei o gás ligado, ou me lembrar de um e-mail que me esqueci de enviar. Se for urgente, como o gás, o mais seguro é ir verificar. No caso de assuntos que podem esperar, talvez seja melhor anotá-los para mais tarde. Qualquer outra coisa que me venha à cabeça, longe de ser uma distração, pode tornar-se a substância da minha oração.
Guia de inspiração
Nesta seção, daremos alguns pensamentos e impressões sobre os quais possa refletir, a fim de o ajudar a mergulhar mais profundamente nas escrituras e a aplicá-las à sua própria vida. Estes são os pensamentos de indivíduos e, por isso, pode haver algumas coisas que lhe dizem respeito e outras que não, até mesmo algumas coisas com que concorda e outras que não. Pode aceitar apenas o que lhe for útil e deixar o resto para trás. Por vezes, uma palavra ou uma ideia pode nos desafiar, e talvez queiramos levá-la à oração para ver se o Senhor nos está falando de uma forma nova, ou se quer que aprendamos ou compreendamos algo novo. Rezamos por corações e mentes abertos e receptivos e tentamos deixar para trás os nossos preconceitos ao entrarmos neste “Lugar Sagrado” com Deus.
Guia de conversa
O quê é isso?
Esta é a parte da oração em que falamos com Jesus (ou com a Pessoa da Trindade com quem mais nos identificamos), sobre o que acabamos de ler nas Escrituras ou o que estamos sentindo dentro de nós, tal como falaríamos com um amigo querido. A isto chama-se muitas vezes ter um diálogo de “coração a coração” com o Senhor, e pode ser útil visualizar Jesus de pé ou sentado ao nosso lado, e imaginar o seu rosto e o seu olhar sobre nós. É importante não só falar com o Senhor, mas também ouvir o que Ele dizendo em resposta. Este é um lugar para virmos tal como somos, sem pretensões – podemos ser totalmente nós próprios perante o nosso Deus que nos ama.
Prática:
Conversando com Jesus
Imagine que vê Jesus sentado perto de você. Ao fazer isto, você está colocando a sua imaginação ao serviço da sua fé. Jesus não está aqui da forma como o imagina, mas está certamente aqui, e a sua imaginação te ajuda a tomar consciência disso. Agora, fale com Jesus …. se não estiver ninguém por perto, fala em voz baixa …. Escuta o que Jesus te diz em resposta, ou o que imaginas que ele te diz …. Esta é a diferença entre pensar e rezar. Quando pensamos, geralmente falamos conosco mesmo. Quando rezamos, falamos com Deus.
Anthony de Mello SJ, Sadhana páginas 78-79
Santo Inácio chama a esta conversa um “colóquio”, e diz
Um colóquio é feito, propriamente dizendo, da mesma forma que um amigo fala com outro, ou um servo com alguém em posição de autoridade – ora implorando um favor, ora acusando-se de algum delito, ora contando as suas preocupações e pedindo conselhos sobre elas. …. Nos colóquios, devemos conversar e suplicar de acordo com o assunto; isto é, de acordo com o fato de eu me sentir tentado ou consolado, de desejar possuir uma virtude ou outra, de me dispor de uma forma ou de outra, de sentir tristeza ou alegria pelo assunto que estou meditando. E, por fim, devo pedir o que mais sinceramente desejo em relação a alguns assuntos particulares.
The Spiritual Exercises nos 54, 199 “Exercícios Espirituais”
Guia de conclusão
Trata-se simplesmente de um momento para terminar com um pensamento ou uma oração final, talvez dando graças a Deus ou definindo uma intenção para si próprio, enquanto regressa à atividade do dia e à sua vida normal.