Tranquilidade

Faz um momento de silêncio para começarmos esta sessão:

Lembra-te de qualquer preocupação que tenhas tido recentemente… ao expirares, partilha ela com Deus… talvez até possas entregar algumas delas, pelo menos por agora… ao expirares, entrega elas a Deus… cada vez que inspirares, inspira o amor de Deus por ti. . deixa que Ele encha o teu corpo . . . respira três vezes mais fundo. . .

Escritura

Lucas 5,1-6;10-11 Ave Maria

Estando Jesus um dia à margem do lago de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele para ouvir a Palavra de Deus.Vendo duas barcas estacionadas à beira do lago –, pois os pescadores haviam descido delas para consertar as redes –,subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo.Quando acabou de falar, disse a Simão: “Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar”.Simão respondeu-lhe: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas, por causa de tua palavra, lançarei a rede”.Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes rompia.O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus companheiros. Então, Jesus disse a Simão: “Não temas; doravante serás pescador de homens”.
E, atracando as barcas à terra, dei­xaram tudo e o seguiram.

Reflexão

A próxima etapa da nossa jornada de vida em direção ao melhor que podemos ser pode ser expressa em apenas duas palavras: “Segue-me”. A nossa resposta a este chamamento durará toda a vida e está sujeita a uma renovação diária. Inigo nos acompanha ao longo do caminho naquilo a que ele chama a Segunda Semana (ou segunda etapa) dos seus Exercícios, durante a qual nos convida a seguir Jesus cada vez mais de perto, entrando cada vez mais profunda e pessoalmente no Evangelho. A leitura de hoje nos oferece um “lançamento” poderoso e convincente para esta etapa do nosso caminho.

De fato, “lançar” é exatamente o que acontece quando Jesus encontra os pescadores à beira do lago. Encontra primeiro os barcos vazios e depois descobre os pescadores que fazem uma breve pausa para lavar as redes. Alguma vez te perguntaste como e onde é que Ele te poderia encontrar? Talvez o teu barco espiritual esteja também atracado à beira do lago, enquanto tu, legitimamente, te ocupas com as tarefas da vida quotidiana. Mas este interlúdio está prestes a sofrer uma mudança dramática. Jesus entra diretamente no barco vazio de Simão. Pensa um pouco no que sentirias se Jesus entrasse no barco da tua vida. Quando pensas que tens tudo sob controle, aparece um estranho cativante e enigmático que entra de rompante.

Depois, Ele te diz onde deves navegar – primeiro, a uma pequena distância da costa, para poder dirigir-se melhor às multidões que se estão se reunindo, e, em seguida, Ele te faz um pedido muito exigente: “Vai para águas mais profundas e tenta pescar”. O que Ele parece não saber é que tens estado tentando, e falhando, apanhando peixe toda a noite. Como achas que terias reagido às palavras de Jesus? Simão protesta, mas mesmo assim faz o que Jesus lhe pede.

Também estamos sendo convidados a ir para águas mais profundas. Cada um de nós será chamado a ir mais longe na sua viagem interior, a ultrapassar os limites que talvez tenha estabelecido para si próprio. Seguir Jesus nunca nos permitirá ficar em segurança na nossa zona de conforto. Seguir é sempre um verbo ativo. Trata-se de aprender, se mover e crescer. Para a família humana no seu conjunto, o convite é para crescermos para além das nossas limitações atuais e arriscarmos tanto a dor como a promessa de crescimento e transformação. Diz-se sabiamente que nunca descobrirás novas terras se não saíres do porto. Não aprenderemos o “melhor” que desejamos se não nos arriscarmos a navegar em águas mais profundas.

A leitura termina com a promessa de Jesus de que, a partir de agora, eles se tornarão pescadores de gente. Num sermão memorável que ouvi uma vez, o ministro disse o seguinte: Jesus os convidou a serem pescadores de pessoas, porque eles já eram pescadores de peixes”. Por outras palavras, o chamamento de Deus nos convida a utilizar as capacidades, os talentos e a experiência que já temos. O ministro prosseguiu nos perguntando: “O que é que Jesus te teria dito? Que dons e capacidades pessoais te estão sendo pedidos para trazeres para esta grande aventura de transformação?

Fala com Deus

Talvez a história do chamamento dos pescadores não te interesse porque não tens interesse na pesca. Se assim for, como responderias à pergunta: “Como é que Jesus te convida a O seguir? Que talentos, interesses e experiências tens que Ele precisa para a sua missão?

Sentes, porventura, que a tua viagem espiritual está parada na costa ou em águas pouco profundas? Talvez haja demasiadas redes para lavar e pouco tempo para navegar? Consegues imaginar Jesus a entrar no teu “barco” e a te pedir que voltes a navegar? Como responderias?

Esta semana, poderás levar à oração o convite para “te lançares em águas mais profundas”. Como te parece este convite? O que significa, especificamente, “águas mais profundas” para ti no contexto da tua viagem interior?

À luz da nossa experiência, será que toda a família humana está sendo chamada a navegar em águas mais profundas, à medida que nos esforçamos por nos tornarmos mais plena e verdadeiramente humanos? O que é que isto pode significar? Que “peixes” poderíamos descobrir nas águas mais profundas?

Toma nota no teu diário de qualquer coisa que te tenha tocado particularmente esta semana e de como sentes que Deus pode estar te chamando para navegar em águas mais profundas. Tenta exprimir a tua resposta, por palavras ou imagens.

Ao refletirmos sobre as muitas camadas do chamamento de Jesus, podemos rezar esta semana para termos a graça de compreender o que o Seu chamamento significa para cada um de nós, e para todos nós, e para termos a coragem de O seguir, onde quer que Ele nos conduza.