Session 5: New life emerging out of death
Tranquilidade
Faz um momento de silêncio para começarmos esta sessão:
Partindo do princípio que estás sozinho, sentado e que consegues levantar-te, vamos fazer alguma coisa com o corpo… se estiveres num espaço público ou ao ar livre, os micromovimentos, ou mesmo imaginar que isto acontece, são suficientes… começa por te levantares… deixa as costas direitas e inspira… continua a respirar normalmente… Que postura exprime o que estás a sentir hoje? … adota essa postura… deixa que Deus te olhe ou esteja contigo da forma que Deus quiser… te mantém concentrado… como é que Deus quer que mexas o teu corpo? … deixa que isso aconteça… deixa que Deus te olhe um pouco mais, enquanto te mexes de uma forma que te pareça confortável e natural. Deixa que Deus te ame nesse movimento. … e volta para a tua cadeira…
Escritura
João 11,17-19;38-44 Ave Maria
À chegada de Jesus, já havia quatro dias que Lázaro estava no sepulcro.
Ora, Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios.
Muitos judeus tinham vindo a Marta e a Maria, para lhes apresentar condolências pela morte de seu irmão.
Tomado, novamente, de profunda emoção, Jesus foi ao sepulcro. Era uma gruta, coberta por uma pedra.
Jesus ordenou: “Tirai a pedra”. Disse-lhe Marta, irmã do morto: “Senhor, já cheira mal, pois há quatro dias que ele está aí…”.
Respondeu-lhe Jesus: “Não te disse eu: Se creres, verás a glória de Deus?”. Tiraram, pois, a pedra.
Levantando Jesus os olhos ao alto, disse: “Pai, rendo-te graças, porque me ouviste.
Eu bem sei que sempre me ouves, mas falo assim por causa do povo que está em roda, para que creiam que tu me enviaste”.
Depois dessas palavras, exclamou em alta voz: “Lázaro, vem para fora!”.
E o morto saiu, tendo os pés e as mãos ligados com faixas, e o rosto coberto por um sudário. Ordenou então Jesus: “Desatai-o e deixai-o ir”.
Reflexão
À medida que avançamos na Quaresma, vamos nos aproximando do tempo do sofrimento e da morte de Jesus, um tempo prefigurado pelos acontecimentos de Betânia registados na leitura de hoje. Jesus e os seus amigos estavam a caminho de Jerusalém para a festa da Páscoa, quando a sua viagem foi interrompida por um mensageiro que trazia a notícia de que o querido amigo de Jesus, Lázaro, estava gravemente doente. Há um curioso lapso de tempo entre a recepção desta notícia e a chegada efetiva a Betânia – um lapso durante o qual Jesus faz uma enigmática promessa de que esta doença não acabará em morte, mas revelará a maior glória de Deus. No entanto, quando chega a Betânia, Lázaro já está morto e enterrado há quatro dias.
Se fizeres os Exercícios Espirituais, serás convidado por Inigo, o teu guia, a passar algum tempo “no túmulo”. Passa um dia ou alguns dias totalmente vazio diante de Deus e disposto a esperar na escuridão. Inigo conhecia esta experiência de vazio na sua própria vida, e também descobriu por si próprio que as coisas novas crescem na escuridão e que o túmulo é como uma crisálida, contendo no seu coração o potencial de transformação.
Três ordens poderosas dadas por Jesus pontuam os acontecimentos que se seguem: a primeira à irmã de Lázaro, Marta, a segunda ao próprio Lázaro e a terceira a todos os que se tinham reunido na multidão. São também ordens para nós, na nossa vida?
Jesus começa por dizer a Marta, perturbada, que “tire a pedra”, prefigurando o milagroso rolar da pedra que cobriria o seu próprio túmulo alguns dias mais tarde. Ela protesta. Parece uma coisa impossível de fazer, mas Jesus insiste. Que pedras imóveis parecem estar bloqueando o nosso próprio caminho para o futuro que desejamos construir para nós, para a nossa Terra e para todas as suas criaturas?
Depois de removida a pedra, Jesus chama Lázaro e ordena que ele saia. Estará Jesus nos chamando para fora de algum túmulo ou cativeiro nosso? O que é que nos mantém interiormente paralisados e nos impede de abraçar a plenitude da vida que Deus nos oferece?
Por fim, Jesus diz aos espectadores que o “desamarrem”. Lázaro está bem embrulhado numa mortalha. Se não for libertado dessa ligadura, não vai a lado nenhum. Estará Deus nos pedindo que ajudemos a “desamarrar” uns aos outros, que nos ajudemos mutuamente a alcançar a libertação que todos desejamos? Nenhum de nós pode ser libertado pelos seus próprios esforços. Precisamos de Deus e precisamos uns dos outros.
Em alemão, a palavra para “desvincular” é “entbinden”, o que dá uma camada extra de significado a este comando. Entbinden, em alemão, significa principalmente dar à luz. O parto precisa de parteiras. A mortalha da morte se tornará a mortalha da nova vida. Será que nos pedem para sermos parteiros uns dos outros, à medida que, lenta e dolorosamente, a plenitude das pessoas que fomos criados para ser vai nascendo? Será que nos pedindo para dar à luz o “melhor” no planeta Terra?
Fala com Deus
Para muitas pessoas, o futuro está bloqueado por aquilo que parecem ser pedras imóveis Pedras como a pobreza, a exploração, a escravatura moderna, os preconceitos, os conflitos armados e todo o tipo de injustiças que fazem com que aqueles que não têm poder nem voz sejam marginalizados. Estas pedras são enormes. Nenhum de nós as pode mover com a sua própria força, mas cada um de nós pode contribuir com a sua força para o esforço. Esta semana, reflete sobre as pedras que vês no mundo à tua volta e pergunta a ti próprio se há alguma coisa que possas fazer, juntamente com outros, para começar a movê-las.
Reflete sobre qualquer tipo de sepultura ou confinamento em que possas estar vivendo.O que te impede de sair da aparente segurança do teu “túmulo” e de te arriscares ao amanhecer luminoso de um novo começo? O que é que a ordem de Jesus para “sair” pode significar para ti pessoalmente?
À tua volta, uma nova vida se esforça por nascer, mas precisa de uma parteira para desatar a mortalha que a confina. Há alguém que precise da tua ajuda para se libertar? Talvez um ouvido atento para ajudar a libertar alguém de medos paralisantes, ou para ouvir realmente a sua voz que foi silenciada durante demasiado tempo e já não confia em si própria para falar? O que significa para ti a ordem de Jesus de “soltar as amarras”?
Toma nota no teu diário da tua própria experiência de estar “sepultado”, talvez das pedras que te mantêm no teu túmulo ou da tua resposta ao chamamento para “sair”. Tenta exprimir, por palavras ou imagens, qualquer coisa que te esteja “prendendo”.
Na Terceira Semana, ou etapa dos seus Exercícios, Inigo nos convida a caminhar com Jesus através do seu sofrimento e morte. A história de Lázaro nos desafia a reconhecer o que o amor nos pede enquanto caminhamos juntos através da escuridão. A doença de Lázaro não termina com a morte. É o precursor de uma nova vida. Que esta semana tenhamos a graça de confiar nessa promessa e que nos seja dada a coragem de fazer esta viagem ao lado de Jesus e ao lado uns dos outros.